ISSN-L: 0798-1015 • eISSN: 2739-0071 (En línea)
https://www.revistaespacios.com Pag. 69
Vol. 43 (04) 2023 • Art. 6
Recibido/Received: 16/03/2023 Aprobado/Approved: 10/04/2023 Publicado/Published: 15/04/2023
DOI: 10.48082/espacios-a23v44n04p06
Análise do Perfil do Polo Agroindustrial do Distrito Federal e
dos Distritos Agroindustriais de Rio Verde GO, Brasil
Profile Analysis of the Agroindustrial Pole of the Federal District and the Agroindustrial
Districts of Rio Verde GO, Brasil
SILVA, Paola
1
BRISOLA, Marlon V.
2
RESUMO
Este estudo que objetiva a Análise do Perfil do Polo Agroindustrial do Distrito Federal e dos Distritos
Agroindustriais de Rio Verde - GO, tem como objetivos específicos a apreciação da constituição do
polo/distritos em questão, o exame histórico dos mesmos e a observação das características dos
próprios. Esta pesquisa exploratória, descritiva e explicativa utilizou a Análise Comparativa de Casos
como método de pesquisa e, como procedimentos, as pesquisas bibliográfica e de levantamento de
dados.
Palavras-chave: polo agroindustrial; desenvolvimento econômico, social e ambiental; políticas públicas.
ABSTRACT
This study, which aims to analyze the Profile of the Agroindustrial Pole of the Federal District and of the
Agroindustrial Districts of Rio Verde - GO, has as specific objectives the appreciation of the constitution
of the pole/districts in question, the historical examination of the same and the observation of the
characteristics of the own. This exploratory, descriptive and explanatory research used the Comparative
Analysis of Cases as a research method and, as procedures, bibliographic research and data collection.
Keywords: agroindustrial pole; economic, social and environmental development; public policy.
1. Introdução
A instalação de Polos/Distritos Agroindustriais cria condições para a produção de alimentos, potencializa a
irradiação de tecnologias e de empreendedorismo ligados ao agronegócio, alavancando o desenvolvimento do
mercado local e regional com base na inovação, na diversificação e na agregação de valor à matéria-prima,
promovendo a geração de empregos e renda no meio rural.
A criação de um Polo de Desenvolvimento fomenta a produção, instituindo oportunidades de negócios para os
produtores rurais e empresas ligadas ao agronegócio, além de modernizar as atividades agropecuárias, assegurar
o uso racional de recursos naturais, a sustentabilidade e a adoção de tecnologias inovadoras, fortalecer as
cadeias produtivas com agregação de valor à produção, promover a capacitação de produtores rurais, gerar
1
Doutora em Biodiversidade e Biotecnologia. Professora da Universidade Federal do Norte do Tocantins UFNT. E-mail: pa.silva2310@gmail.com.
2
Doutor em Ciências Sociais. Professor da Universidade de Brasília FAV/PROPAGA. E-mail: mvbrisola@gmail.com
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emprego e distribuição de renda e a integrar atividades consolidadas visando o desenvolvimento rural
(GOVERNO DO DISTRITO FEDERAL, 2020).
A escolha do tema “Análise do Perfil do Polo Agroindustrial do Distrito Federal e dos Distritos Agroindustriais de
Rio Verde GO foi motivada pelo fato de ser um assunto de extrema relevância dentro do contexto do
desenvolvimento rural equilibrado, tendo-se também, a expectativa de eles servirem de modelo para outros
projetos de Polos/Distritos Agroindustriais. Também, trata-se de estimar aspectos e relações entre um Distrito
já instituído (GO) e um Polo em Desenvolvimento (DF).
Inspirado pelo Plano de Desenvolvimento Rural do Distrito Federal (PRORURAL) e com vistas a fortalecer as
cadeias produtivas do setor rural do Distrito Federal, foi criado o Polo Agroindustrial do PAD-DF, através do
Decreto n° 37.937, de 30 de dezembro de 2016 (GOVERNO DO DISTRITO FEDERAL, 2020).
A implantação do Polo Agroindustrial do PAD-DF considerou características sócio econômicas, estrutura
fundiária, hidrologia e climatologia, pedologia e aptidão agrícola e malha viária da área em questão, a fim de
determinar o potencial de desenvolvimento da região a partir da apreciação do ambiente produtivo (atividades
agrícolas e não agrícolas), de incentivos a empreendimentos agroindustriais (fiscais, econômicos, creditícios), da
capacidade de mão de obra, da vocação produtiva da região e da existência de Arranjos Produtivos Locais (APLs)
(GOVERNO DO DISTRITO FEDERAL, 2020).
Como empreendimentos esperados têm-se empresas de beneficiamento de grãos, empresas fabricantes de
fertilizantes, empresas de comercialização de insumos, empresas de projetos de estufas, empresas de reciclagem
de materiais inorgânicos, empresas de prestação de serviços profissionais/consultoria e elaboração de projetos,
empresas de locação de serviços agroindustriais e empresas de manutenção automotiva e de equipamentos
(GOVERNO DO DISTRITO FEDERAL, 2020).
O processo de agroindustrialização de Rio Verde tem cooperado para o desenvolvimento regional e local, pois
tem como pontos positivos a diversificação agropecuária, a atração de novas empresas, a geração de emprego,
o aumento dos rebanhos suínos e de aves, a expansão da construção civil, a criação de novos cursos técnicos
voltados à qualificação profissional, dentre outros (FEDERAÇÃO DAS INDÚSTRIAS DO ESTADO DE GOIÁS, 2016).
Os investimentos em Rio Verde, comparados aos principais projetos de investimentos em Goiás concentraram
investimentos público e privado. Também, a expressiva participação do município de Rio Verde na alocação dos
investimentos privados reafirma a potencialidade e eficácia do município. Em decorrência destes investimentos
e de outros, que constantemente estão ocorrendo pela atração de empresas, resultam na geração de empregos
diretos e indiretos. Os Distritos Agroindustriais de Rio Verde já estão constituídos e amadurecidos contando com
a presença de grandes e pequenas empresas que dinamizam a economia local.
Diante do exposto, este estudo emerge da necessidade de, a partir de uma visão interdisciplinar, identificar,
conhecer, descrever, registrar e diagnosticar as características dos Polos/Distritos Agroindustriais do Distrito
Federal e de Rio Verde, através de uma Análise Comparativa.
Portanto, esta pesquisa tem como propósito contribuir com a disseminação de ações relacionadas à promoção
do desenvolvimento rural sustentável através da implementação de Polos/Distritos Agroindustriais, sendo que a
proposta metodológica está fundamentada na utilização da Análise Comparativa de Casos como método de
pesquisa e, nas pesquisas bibliográfica e de levantamento de dados.
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2. Desenvolvimento rural/regional sustentável
O desenvolvimento rural esteve sempre atrelado ao conjunto de ações do Estado e dos organismos
internacionais propostas para ingerências nas regiões rurais pobres que não conseguiam se adequar ao processo
de modernização agrícola via substituição de fatores de produção considerados atrasados (NAVARRO, 2001).
Veiga (2002), indica que os territórios mais promissores ao processo de inovação e desenvolvimento são aqueles
em que as economias locais são apropriadas para gerarem uma demanda agregada por produtos e serviços, não
se podendo somente considerar as formas de gestão e inovação, a administração, a tomada de decisão, o acesso
aos mercados e a comercialização, mas tendo de se entender o ponto de vista dos agricultores e dos atores
sociais no processo de desenvolvimento rural sustentável, além das características locais e regionais que
motivam o planejamento das estratégias de atuação e favorecem investimentos em infraestruturas, capital
humano e tecnologias, a fim de facilitar o acesso aos mercados (ASSIS, 2005).
No que se refere à instalação de Polos/Parques Agroindustriais, entende-se que políticas devem ser regidas a
partir da articulação das decisões locais e das demandas sociais, sendo necessária firmeza de propósitos da ação
do poder público com vistas à gestão sustentável e equilibrada no segmento do agronegócio, à integração das
atividades consolidadas com vistas ao desenvolvimento rural regional sustentável, ao uso racional dos recursos
naturais, à sustentabilidade e à adoção de tecnologias inovadoras, à promoção da capacitação de produtores
rurais, à geração de emprego e distribuição de renda, ao fortalecimento das cadeias produtivas com agregação
de valor à produção e ao Zoneamento Ecológico-Econômico (ZEE).
Quanto à sustentabilidade e adoção de tecnologias inovadoras, concebe-se que a inovação colabora na
minimização dos impactos na natureza, consistindo numa consciência de estratégia que traz a maximização na
questão da sustentabilidade com ecoeficiência aplicada (DAMASCENO, s/d), entendendo-se assim, que o
desenvolvimento do setor agroindustrial, seja através da configuração de Polos Agroindustriais ou outras
conformações, representa alternativa viável que concilie metas produtivas e de rentabilidade, com interesses
sociais e preservação ambiental.
Da mesma forma, a viabilização dos Polos/Distritos visa ao fortalecimento das Cadeias Produtivas com agregação
de valor à produção quando são geradas e transferidas tecnologias que promovam o desenvolvimento delas,
com foco na inovação, contribuindo para o incremento da produção e proporcionando aumento da
competitividade e da sustentabilidade das atividades desenvolvidas.
3. Escopo metodológico da pesquisa
A definição das diretrizes metodológicas referente à Análise do Perfil do Polo Agroindustrial do Distrito Federal
e dos Distritos Agroindustriais de Rio Verde GO exibe uma proposta de abordagem comparativa a exemplo de
proposições epistemológicas adotadas para examinar estruturas produtivas como os Clusters, que se
fundamentam na concentração espacial de empresas.
A escolha do tema do estudo justifica-se pelo fato do agronegócio no Brasil ser considerado um dos setores mais
importantes do país e as diversas regiões apresentarem imenso potencial produtivo. Igualmente o conhecimento
e a disseminação de projetos que apresentem viabilidade na promoção do desenvolvimento rural regional pode
representar incentivo ao planejamento de novos polos/parques agroindustriais em regiões ainda não
contempladas. Quanto à escolha das unidades federativas e serem avaliadas, optou-se por projetos mais
recentes ou em reestruturação, como no caso do Distrito Federal e do Estado de Goiás.
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Da mesma forma, é irrecusável a importância e conveniência do ponto, considerando o anseio de acesso ao
desenvolvimento social, ambiental e econômico do país como um todo, sendo que os polos/distritos
agroindustriais, quanto bem planejados e implementados, provocam interação entre os produtores e o mercado
induzindo ao aumento da atividade econômica local relacionada à exploração de recursos provenientes da terra.
Quanto à Análise Histórico Comparativa de Casos, o método comparativo versa em averiguar coisas ou fatos e
explicá-los segundo suas semelhanças e suas diferenças, aceitando integrar as distintas informações sob
julgamento, ampliando-se a discussão e o entendimento quando se propõe a lógica do estudo comparado, se
encaixando na concretização da investigação sobre a eficiência dos mercados em Sistemas Agroindustriais
(FACHIN, 2001).
Ao mesmo tempo, ao se comparar cadeias de produção que são apoiadas por organizações públicas ou privadas,
passa-se a entender o funcionamento dessas cadeias, e consequentemente, suas interações, representadas
pelos ambientes organizacionais e institucionais, muito relevantes na avaliação do sucesso ou insucesso de tais
cadeias (GUARNIERI; GUIMARÃES; THOMÉ, 2020; BRISOLA, 2013).
Neste estudo exploratório, descritivo e explicativo, o aprofundamento do conhecimento da temática em análise
contou com o uso das pesquisas bibliográfica e de levantamento de dados, sendo que para atingir o objetivo
proposto, optou-se por utilizar o procedimento da revisão sistemática da literatura que segue o protocolo
proposto por Cronin, Ryan e Coughlan (2008), conforme Figura 1, abrangendo artigos publicados em revistas
científicas, livros e e-books, além de dissertações de mestrado e teses de doutorado e, consulta a sites de
empresas governamentais e não governamentais.
Figura 1
Protocolo de Revisão Sistemática,
proposto por Cronin et al. (2008)
FONTE: Cronin, Ryan e Coughlan (2008).
Assim, a presente pesquisa está fundamentada na bibliografia que permite ampliar e compreender os conceitos
sobre Desenvolvimento Rural/Regional Sustentável (NAVARRO, 2001; VEIGA, 2002; ASSIS, 2005; BUENDÍA, F.,
2005), Gestão Sustentável e Equilibrada no Segmento do Agronegócio, Integração das Atividades Consolidadas
com vistas ao Desenvolvimento Rural Regional Sustentável e a Adoção de Tecnologias Inovadoras (MOREIRA,
2018; NASCIMENTO, 2012; CAMPANHOLA; RODRIGUES; RODRIGUES, 2008; OLIVEIRA et al, 2016; DAMASCENO,
s/d; PEDROSO, Í. L. P. B.; SILVA, A. R. P., 2005; PEREZ, R. P., 2017), Promoção da Capacitação de Produtores Rurais,
Geração de Emprego e Distribuição de Renda e Fortalecimento das Cadeias Produtivas com Agregação de Valor
à Produção (GONÇALVES, 2016; EMBRAPA, s/d), Zoneamento Ecológico-Econômico ZEE (VASCONCELOS;
HADAD; MARTINS JUNIOR, 2013; SANTOS, 2004) e Arranjos Produtivos Locais, Clusters e Competitividade (WEISS,
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C. R.; SCHULTZ, G.; OLIVEIRA, L., 2016; ALVARADO, J.; PADILLA, R.; VILLARREAL, F., 2016; SILVA, R.; MARTINELLIA,
D., 2021; VUKOTIC, S.; MIRCETIC, V., 2020).
Igualmente, segundo os autores a seguir citados, os aspectos desenvolvimento, instituições de conhecimento e
infraestrutura (BUENDIA, 2005), qualificação da mão de obra (BUENDIA, 2005; LIN, TUNG; HUANG, 2006; MA;
HUANG, 2008; TEEKSAP, 2009; JAN; CHAN; TENG, 2012), conhecimento (BUENDIA, 2005; LIN; TUNG; HUANG,
2006; DANGELICO; GARAVELLI; PETRUZZELLI, 2010), inovação (BUENDIA, 2005; MA; HUANG, 2008),
proximidade/concentração geográfica (BUENDIA, 2005; DANGELICO; GARAVELLI; PETRUZZELLI, 2010), tecnologia
(LIN; TUNG; HUANG, 2006; JAN; CHAN; TENG, 2012) e Políticas Públicas e compartilhamento de recursos e apoio
governamental (MA; HUANG, 2008 SPAROVEK, G. et al.) apontam um caminho mais seguro na avalição dos
mesmos.
Do mesmo modo, esta pesquisa tem como objetivos específicos: 1. A apreciação da constituição dos Distritos em
questão; 2. A observação das características de ambos; e, 3. A análise comparada dos achados, estruturados na
Tabela 1.
Tabela 1
Estruturação dos Objetivos
Específicos da Pesquisa
Objetivos específicos
Ações
Resultados esperados
1. A apreciação da constituição
dos Distritos em questão.
Investigação bibliográfica de
material publicado - Revisão
sistemática.
Reunião de informações e dados que servirão de
base para a construção da investigação.
2. A observação das
características de ambos.
Compilação dados.
Identificação de aspectos convergentes e
divergentes.
3. A análise comparada dos
achados.
Diagnóstico.
Contribuição para novas iniciativas de Projetos de
propulsão ao Desenvolvimento Rural Sustentável.
Fonte: Os autores.
Além disso, foram realizadas entrevistas semiestruturadas, via e-mail e de forma presencial, com quatro pessoas,
sendo um entrevistado, docente da Universidade Federal de Goiás, o qual faz parte do Programa de Pós-
Graduação em Agronegócios e é autor de artigos relacionados ao tema Distritos Agroindustriais”; um
entrevistado ligado à Secretaria de Administração do Governo do Estado de Goiás; um entrevistado adjunto ao
Projeto do Distrito Agroindustrial do DF e um entrevistado servidor da EMATER DF.
Nas entrevistas procurou-se saber sobre a contribuição dos Distritos Agroindustriais de Rio Verde e do PAD-DF
para com o desenvolvimento da região, a constituição dos mesmos e o papel dos incentivos governamentais na
implantação de Distritos Agroindustriais, dentre outras considerações.
Assim, esta pesquisa que prevê a realização de Análise do Perfil do Polo Agroindustrial do Distrito Federal e dos
Distritos Agroindustriais de Rio Verde GO tem como objetivos específicos a apreciação da constituição do
polo/distritos em questão, o exame histórico dos mesmos e a observação das características dos próprios, sendo
que a seleção dos objetivos foi elaborada a partir das informações coletadas na pesquisa bibliográfica inicial,
alicerçadas pelo arcabouço conceitual apresentado no referencial teórico.
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4. Análise do perfil do projeto do polo agroindustrial do Distrito Federal e dos
Distritos Agroindustriais de Rio Verde-GO
Em função de suas características intrínsecas, a atividade agropecuária está marcada por incertezas que
demandam participação dos governos nos sistemas agroindustriais (WAAK, 2000) através de políticas
governamentais que, segundo Mattei e Triches (2009), exercem grande influência no desenvolvimento das
atividades da cadeia como um todo, especialmente em relação as políticas de comércio exterior, tributária, de
financiamentos e fiscalizatória.
No segmento dos Agronegócios, as relações entre os diversos atores presentes nas Cadeias de Produção
Agroindustriais manifestam características e distinções que os diferenciam entre si e de outros setores da
economia. A constituição de polos/parques agroindustriais prevê questões de valor, competição e cooperação,
que segundo Beckert (2007), os atores participantes de um mercado procuram alcançar vantagens
individuais e/ou coletivas através da criação de produtos, desenvolvimento de processos e
estabelecimento de regras (BRISOLA, 2013).
Um Polo/Distrito Agroindustrial “corresponde a uma área definida pelo poder público, em seus aspectos de
infraestruturas, que suportem a implantação e funcionamento de empresas agroindustriais, públicas ou
privadas, de modo compatível com a preservação do meio ambiente” (YOUNG; TERESO, 2004, p. 1) e, considera
a diversidade de matrizes produtivas e arranjos que podem serem desenvolvidos em determinadas regiões,
permitindo otimizar a logística da produção de matéria-prima próxima de seu local de beneficiamento
(SPAROVEK, 2009).
Para Perroux (1967), um Polo de Crescimento nasce com o surgimento de uma indústria motriz que concretiza a
aproximação dos fatores da produção, tornando-se um ponto de atração de matérias-primas e de mão-de-obra,
impulsionando a economia regional, atraindo outras indústrias e criando aglomeração de população que
instigará o desenvolvimento de atividades agrícolas e pecuárias nas áreas fornecedoras de alimentos e de
matérias-primas.
Da mesma forma, quando um Polo de Crescimento passa a desenvolver a formação de atividades terciárias,
institui-se um Complexo Industrial, o qual se caracteriza pela presença de uma indústria-chave e pela
aglomeração territorial, de tal modo, que essa ideia pode ser estendida às atividades primárias formando o que
se entende por Zonas de Desenvolvimento Agrícola.
No entanto, ANDRADE (1987), atenta para a dificuldade de se aplicar a Teoria dos Polos de Desenvolvimento às
regiões urbanas ou rurais e aos países subdesenvolvidos em função da ausência e da deficiência de estrutura
como vias de transportes e de comunicação. Também, um dos principais gargalos que dificultam a adoção de
medidas eficazes para o contexto do meio rural é a falta de planejamento, sendo que os Projetos de
Polos/Parques/Distritos Agroindustriais podem assegurar o tão almejado desenvolvimento das cadeias
produtivas locais.
Quanto ao conceito de Cluster, este se “relaciona à ideia de aglomerado de empresas vinculadas industrial ou
comercialmente” (SILVA, 2004, p. 42), sendo que seu desenvolvimento prevê “a criação de capacidades
produtivas especializadas dentro de regiões para a promoção de seu desenvolvimento econômico, ambiental e
social” (SILVA, 2004, p. 43), com estímulo à inovação e julgamento de desempenho das empresas participantes.
Assim, Porter (2001) destaca três fatores como resultados da interação entre empresas e instituições que
formam um Cluster: aumento dos níveis de produtividade, a melhoria da capacidade de inovação e criação e
atração de novas empresas (WEISS; SCHULTZ; OLIVEIRA, 2016). Para Weiss; Schultz; Oliveira (2016, p. 6),esses
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fatores têm a capacidade de motivar as condições competitivas positivas frente aos seus concorrentes
localizados em outras regiões”.
No Brasil o conceito de Clusters se aplica aos Arranjos Produtivos Locais, contabilizando 839 arranjos produtivos
locais presentes em 2.580 municípios brasileiros que ao todo geram mais de três milhões de empregos diretos
em 40 diferentes setores produtivos (CAMPOS et al, 2010).
Seguindo a proposta dessa pesquisa, procurou-se fazer uma Análise Comparativa do Perfil do Projeto do Polo
Agroindustrial do Distrito Federal e dos Distritos Agroindustriais de Rio Verde (GO), considerando as suas
constituições e características e o exame histórico deles, sendo que a comparação aqui é realizada entre
polos/distritos agroindustriais de territórios distintos, sendo um em fase de implantação e o outro
consolidado.
4.1. Projeto do Polo Agroindustrial do PAD/DF
O Projeto do Polo Agroindustrial do Distrito Federal, embora esteja em fase de implementação, apresenta-se
muito bem estruturado, contemplando a descrição da região e o local de instalação do PAD-DF, os incentivos aos
empreendimentos agroindustriais, os órgãos e parceiros envolvidos na capacitação da mão-de-obra, os Arranjos
Produtivos Locais e os empreendimentos esperados.
De acordo com o GOVERNO DO DISTRITO FEDERAL (2020), a região do PAD-DF, responsável pela maior parte da
produção de grãos do Distrito Federal, localizada em posição geográfica estratégica, apresenta grande potencial
de polo irradiador de tecnologias e de empreendedorismo ligados ao agronegócio, o que pode ser ampliado com
a criação de incentivos a empresas inovadoras, alavancando o desenvolvimento do mercado local e regional.
A implantação do Polo Agroindustrial do PAD-DF tem como objetivos a modernização das atividades
agropecuárias, assegurados o uso racional de recursos naturais, a sustentabilidade e a adoção de tecnologias
inovadoras, o fortalecimento das cadeias produtivas com agregação de valor à produção, com vistas ao
atendimento do mercado, substituição de importações e exportação de produtos, utilizando matéria prima do
Distrito Federal e da Região do Entorno, a promoção da capacitação de produtores rurais e outros atores, a
geração de emprego e distribuição de renda e a integração das atividades consolidadas, no Distrito Federal e
Região do Entorno, visando ao desenvolvimento rural.
O Plano Diretor de Ordenamento Territorial (PDOT) é o instrumento básico da política urbana e da orientação
dos agentes públicos e privados que atuam no território do Distrito Federal, tendo por finalidade propiciar o
pleno desenvolvimento das funções sociais da terra, estabelecendo as condicionantes ecológicas e ambientais
para o uso e a ocupação dos espaços territoriais, urbanos e rurais, sendo que a região proposta para implantação
do Polo Agroindustrial do PAD-DF encontra-se em Zona Rural de Uso Controlado, de acordo com o zoneamento
de usos definido no Plano.
Ainda, a Lei Orgânica do Distrito Federal, institui as Áreas de Desenvolvimento Produtivo (ADP’s) como
“elementos catalizadores do desenvolvimento socioeconômico da região em que se inserem, voltados à
desconcentração da geração de emprego e renda no território e à promoção da inclusão sócio produtiva da
população, particularmente das populações vulneráveis” (Projeto de Lei do ZEE-DF) e reforça as recomendações
do PDOT, apresentando o Polo Agroindustrial do PAD-DF.
A área total inicial disponibilizada para implantação do Polo Agroindustrial do PAD-DF é de 328,9536 hectares,
de propriedade da TERRACAP Companhia Imobiliária de Brasília, dos quais 89,3942 hectares estão destinados
à implantação dos lotes agroindustriais. A Reserva Legal ocupará 131,4160 hectares e a APP 93,4527 hectares.
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Na primeira versão do PAD-DF, havia previsão de disponibilização de 24 lotes, de tamanhos similares, no entanto,
com a necessidade de se destinar uma área maior para empresas de beneficiamento de grãos, oito lotes foram
convertidos em um lote maior e cinco lotes foram transformados em quatro lotes maiores que os demais (Figura
2).
Figura 2
Layout Atualizado do Distrito Agroindustrial do PAD-DF.
Fonte: Governo Do Distrito Federal, 2020.
O Decreto que regulamentou a implementação do PRORURAL prevê a concessão de incentivos fiscais para os
produtores rurais do DF que se enquadram nas regras do programa do mesmo modo, os benefícios do PRORURAL
de natureza creditícia serão concedidos mediante alocação de recursos do Banco de Brasília S/A (BRB) e de outros
organismos de financiamento da economia rural, conveniados com o Governo do Distrito Federal.
Assim, são esperados para o Distrito Agroindustrial do PAD-DF, empreendimentos ambientalmente adequados
e focados na geração de valor agregado aos produtos locais, levando em conta as atividades existentes e a
oferta de matérias primas da região do PAD-DF e da RIDE8, com aproveitamento da localização estratégica do
Distrito, dada sua centralidade local, regional e nacional (GOVERNO DO DISTRITO FEDERAL, 2020).
Considerando os sistemas e modelos de produção predominantes em todo o Leste do Distrito Federal, bem como
a tendência de mecanização da agricultura e pecuária na região, considerou-se a implantação de um condomínio
de indústrias de fabricantes de máquinas agrícolas como a melhor opção para o que se chamou de a Área 2,
destinada à empresa âncora do complexo agroindustrial. Para a Área 1, é esperada a adesão de
empreendimentos operando preferencialmente com atividades complementares às atividades econômicas
existentes na área9.
No que se refere a critérios para seleção de empreendimentos, devem ser merecedores de maior pontuação
aqueles que trouxerem benefícios para a região e para a qualidade de vida no campo, tais como geração de
empregos diretos e redistribuição de renda, contribuição para a formação e aproveitamento da força de trabalho
local, utilização de matéria prima produzida da região, fortalecimento dos Arranjos Produtivos Locais e utilização
de processos sustentáveis dos recursos naturais.
Também, urge salientar que é preocupação exposta no Projeto do PAD-DF o estabelecimento de condicionantes
ecológicos e ambientais para o uso e a ocupação dos espaços territoriais, urbanos e rurais.
A Tabela 2 apresenta a trajetória do PAD-DF até o presente momento, considerando que ele foi criado no ano
de 2016 e que, neste tempo, foram desenvolvidas ações de estruturação do Projeto a fim de viabilizar a seleção
de empresas que atendam aos seus objetivos.
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Tabela 2
Trajetória do Distrito
Data
Evento
2016
Criação do Distrito
Agroindustrial do PAD-DF.
2016-
2020
Projeto do PAD-DF
2020
Projeto do PAD-DF
2021-
2022
Distrito Agroindustrial do
PAD-DF
Fonte: Os autores.
4.2. Os Distritos Agroindustriais de Rio Verde (GO)
No Sudoeste Goiano, sobretudo no município de Rio Verde, a reestruturação produtiva agrícola fortaleceu a
economia associada ao campo e proporcionou uma mudança no setor urbano, através da constituição de um
Complexo Agroindustrial de grãos e de carnes, e de um setor terciário que patrocinou à solidificação do
agronegócio regional.
Rio Verde representa uma cidade que mais que dobrou sua população em três décadas, bem como sua
dinamização em função do agronegócio. Por meio de investimentos Estatais e corporativos, reestruturou a
agropecuária nos seus diversos aspectos: técnico, econômico, fundiário e social.
No final dos anos 1990 o processo de industrialização de Rio Verde deu um salto de qualidade com a instalação
de uma unidade da BR Foods (ainda consolidada apenas na empresa Perdigão, na época), contribuindo para a
solidificação do complexo de grãos que estava em desenvolvimento. Isto fez com que o município e a região
passassem a viver um círculo virtuoso de expansão industrial.
Quanto aos benefícios fiscais e atrativos para a BRF, o FCO/FOMENTAR concedeu o espaço físico, a isenção de
impostos municipais, a instalação de infraestrutura de transporte e comunicação, além de uma infraestrutura
urbana solidificada, com instituições de ensino técnico e superior e sistemas financeiro e comercial (OLIVEIRA,
2016).
Ainda, no setor de frigorífico, a BRF contou como parceiros e fornecedores, os integrados granjeiros, que se
concentraram no Sul Goiano. Desta forma, grande parte da sua atividade agropecuária local é parte integrante
da cadeia industrial, que a produção de aves e suínos, é formada pelos serviços terceirizados da indústria de
processamento local, tratando-se de uma relação que não tem apenas uma dimensão municipal, tendo também
uma importante articulação regional.
A antiga Perdigão constituiu os alicerces de um novo Complexo Agroindustrial de carnes com efeito multiplicador
na economia da região, acenando para que empresas suportes na produção e na manutenção se estabelecessem
nos Distritos. A Brasil Foods S.A conta com várias indústrias de apoio, localizadas no DARV 2, responsáveis pelo
fornecimento direto de matérias-primas para a empresa ou para os seus integrados.
Assim, além das mudanças no nível do trabalho, a instalação da Perdigão teve participação no aumento da renda,
no aparecimento de novos serviços, na elevação da atividade comercial, incentivou a migração e reorganizou o
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espaço. Ainda, no município de Rio Verde estão instaladas algumas das maiores agroindústrias do País, além da
Brasil Foods S.A, a Cargill, a Siol e a Kowalski.
A Tabela 3 apresenta alguns dos impactos ou efeitos da instalação da Perdigão em Rio Verde. Somando-se aos
elencados, a instalação do complexo da Perdigão colaborou para o aumento na receita municipal, para o
incremento no movimento das agências bancárias, sobretudo naquelas que têm ligação direta com a Perdigão,
com os integrados ou com os fornecedores diretos da empresa e para o aumento no número de novos postos
de trabalho, principalmente no setor industrial (BORGES, 2006).
Tabela 3
Impactos/Efeitos da Instalação da Perdigão em Rio Verde
Impactos/Efeitos da Instalação da Perdigão em Rio Verde
Efeitos no espaço urbano
Novos bairros, criação dos distritos industriais II e III, crescimento
populacional, instalação de novas indústrias.
Efeitos na economia urbana
local
Incremento do comércio e dos serviços locais, mudanças na
movimentação dos bancos, geração de postos de trabalho, dentre
outros.
Impactos sociais
Fortalecimento da cultura do trabalho industrial, formação das
associações de produtores integrados, influências e parcerias com
as instituições de ensino locais, etc.
Efeitos no campo
Aumento no rebanho de aves e suínos, implantação do sistema de
produção integrada de aves e suínos e o surgimento de um novo
modelo deste tipo de produção.
Fonte: Adaptado de BORGES, 2006, p. 167.
Urge salientar ainda que, na concepção dos Distritos Agroindustriais de Rio Verde, considera-se de fundamental
importância para os bons resultados a integração de diferentes entidades que juntas buscam alta tecnologia na
produção e profissionalização dos atores envolvidos na cadeia produtiva (FEDERAÇÃO DAS INDÚSTRIAS DO
ESTADO DE GOIÁS, 2016).
Como em Rio Verde três Distritos Agroindustriais, no DARV 1 Distrito Agroindustrial de Rio Verde 1, 1,50%
das empresas contam com um tempo de atividade de mais de 10 anos e 50% com um tempo de atividade de 5 a
10 anos; no DARV 2 Distrito Agroindustrial de Rio Verde 2, o tempo de atividade é de mais de 10 anos para 80%
das empresas lá estabelecidas (FEDERAÇÃO DAS INDÚSTRIAS DO ESTADO DE GOIÁS, 2016); e, o DARV 3 Distrito
Agroindustrial de Rio Verde 3, aprovado em 2006, está em fase de estruturação a fim de receber empresas de
grande porte (OLIVEIRA, 2016).
Quanto aos incentivos aos empreendimentos agroindustriais, o Programa de Desenvolvimento Econômico de
Rio Verde (PRODEN-RV), que foi criado para incentivar investimentos de grande porte, tem como principal
atrativo a doação de áreas públicas destinadas a implantação de plantas empresariais. Como benefícios fiscais,
o Programa oferece a isenção de taxas e impostos municipais além do licenciamento ambiental realizado no
próprio município.
Da mesma forma, o Programa Estadual de Incentivos Fiscais - PRODUZIR oferece redução de ICMS e
financiamento de investimentos e projetos. Com recursos federais com juros subsidiados e o Fundo
Constitucional do Centro-Oeste (FCO), financia projetos industriais (RIO VERDE.GOV.BR, s/d).
Também, empresas que se instalarem nos Distritos Agroindustriais do Estado de Goiás, administrados pelo
Governo do Estado, por meio da Companhia de Desenvolvimento Econômico de Goiás (CODEGO), terão acesso
a até 95% de desconto no valor das áreas. A iniciativa tem o objetivo de atrair mais indústrias e gerar novos
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empregos para o Estado (GOVERNO DO ESTADO DE GOIÁS SECRETARIA DA INDÚSTRIA, COMÉRCIO E SERVIÇOS,
2020).
A Câmara Municipal de Rio Verde instituiu o Programa de Incentivo à Produção Animal e Formação do Cinturão
Verde no Município - PROCINVERDE, que atua junto aos Arranjos Produtivos Locais e Agroindústrias, apoiando
de forma sistematizada as cadeias produtivas de produtos oriundos da atividade agropecuária de algumas
regiões do Estado, com foco no planejamento, organização dos produtores rurais e da produção (CÂMARA
MUNICIPAL DE RIO VERDE, 2019).
Outra empresa que se destaca na atuação junto aos Arranjos Produtivos Locais em desenvolvimento é o Instituto
de Assistência Técnica e Extensão Rural - EMATER, que em parceria com outros órgãos, apoia Arranjos Produtivos
Locais.
Ressalta-se aqui a idéia de Silva e Martinellia (2021) com relação à possibilidade de o desenvolvimento regional
ser impulsionado também a partir da organização dos Arranjos Produtivos Locais, que estudos apontam que
as relações/interações entre os atores participantes de APLs, geram externalidades positivas ao
desenvolvimento, resultantes de fatores históricos, econômicos e sociais.
Considerando que redes entre empresas se tornaram organismos muito eficientes na edificação de impulso
econômico para as regiões se estabelecerem no mercado global, os clusters passam a ter papel expressivo no
desenvolvimento econômico regional e, consequentemente, na melhoria da qualidade de vida.
Destaca-se, da mesma forma, o crescimento verificado na economia e no agronegócio que foi impulsionado por
ações públicas e investimentos por parte do governo, indicando que as políticas públicas podem alterar a
consolidação de um Distrito Agroindustrial ou o processo de agroindustrialização em uma região, reafirmando
Alvarado, Padilla & Villarreal (2016) na concepção de que a ação estatal destinada a estimular o crescimento de
atividades econômicas e promover a mudança estrutural, implica um processo dinâmico envolvendo a
introdução de vários tipos de medidas destinadas a perseguir ou alcançar objetivos específicos com base em
políticas nacionais de desenvolvimento.
Os incentivos criados motivaram muitas indústrias a se instalarem em Rio Verde. A redução da carga tributária
e, consequentemente, o aumento da receita transformaram a região de Rio Verde em um local muito atrativo
aos investimentos. Assim, com a consolidação dos Distritos Agroindustriais, houve um impacto social positivo na
geração de emprego, renda e qualidade de vida.
Tabela 4
Cronologia do Processo de Agroindustrialização de Rio Verde
CRONOLOGIA
EVENTOS
Década de 1970
Processo de modernização agropecuária. Investimentos em políticas públicas.
Década de 1980
Processo de agroindustrialização do município liderado pela COMIGO (Cooperativa Agroindustrial dos
Produtores Rurais do Sudoeste Goiano).
Década de 1990
Consolidação do processo de Agroindustrialização de Rio Verde. Criação do DARV 2.
Década de 2000
Incremento na arrecadação do município de Rio Verde em função da ampliação das agroindústrias.
2016
A indústria de processamento de grãos e carnes (Agropecuária associada aos Distritos Agroindustriais)
garante 80,7% dos empregos.
2019
Instituição do Programa de Incentivo à Produção Animal e Formação do Cinturão Verde
(PROCINVERDE), que atua junto aos Arranjos Produtivos Locais e Agroindústrias.
Fonte: Os autores
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A Tabela 4 apresenta o processo de agroindustrialização de Rio Verde, a partir dos anos de 1970, que permitiu
um aumento considerável na arrecadação do município, o acréscimo nos postos de trabalho e o desenvolvimento
dos Arranjos Produtivos Locais, fatores determinantes para o crescimento econômico da região.
Também, destaca a força das Políticas Públicas, a exemplo da instituição do Programa de Incentivo à Produção
Animal e Formação do Cinturão Verde (PROCINVERDE), no incentivo ao desenvolvimento da região, que a
contribuição das políticas públicas regionalizadas visa ao estímulo do dinamismo organizacional científico-
industrial-institucional, apoiando arranjos produtivos agroindustriais e sua integração aos mercados locais
(EMBRAPA, 2018).
Ainda, os segmentos de avicultura e suinocultura, muito presentes na economia Rioverdense, caracterizam-se
pelo dinamismo da cadeia e pelo uso intensivo de tecnologias e mão-de-obra, sinalizando para um conjunto de
mudanças sociais, econômicas, político-institucionais e tecnológico-produtivas (EMBRAPA, 2018).
Em suma, a disponibilidade de recursos naturais, as políticas públicas, as competências técnico científicas, a
geração de tecnologias e o empreendedorismo marcam a trajetória da região de Rio Verde e,
consequentemente, de seus Distritos Agroindustriais.
4.2.1. Problemas nos Distritos Agroindustriais de Rio Verde - GO
A Federação das Indústrias do Estado de Goiás (2016) divulgou um estudo no qual identificou como
possíveis problemas nos Distritos Agroindustriais de Rio Verde, a falta de segurança na área interna dos polos, a
burocracia para obter licença ambiental, a deficiência no tratamento de esgoto do Distrito, a falta de regularização
das propriedades (falta da escritura), a falta de portas de acesso para internet e linhas telefônicas, a deficiência na
iluminação pública, a escassez de placas de sinalização, a insuficiência de suprimento de energia, a inexistência de
informações econômicas disponíveis sobre distrito (nº de indústrias, de empregados, aquisição de insumos,
importação, exportação, etc.), a deficiência no abastecimento/qualidade dos serviços de abastecimento e
tratamento de água no distrito, a irregularidade e falta de qualidade no transporte coletivo de acesso ao distrito,
a deficiência no asfalto e o alto valor cobrado pelo IPTU para as indústrias instaladas no distrito.
No que diz respeito às políticas públicas consideradas vitais para o desenvolvimento dos Polos
Agroindustriais de Rio Verde, o Distrito Agroindustrial de Rio Verde - DARV 1 descreveu que falta suporte do
Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas - SEBRAE, na área de assessoria, e que não deveria ser
cobrada a água proveniente de poços artesianos. O Distrito Agroindustrial de Rio Verde - DARV 2 se pronunciou
sobre a necessidade de diminuição da carga tributária para as agroindústrias (FEDERAÇÃO DAS INDÚSTRIAS DO
ESTADO DE GOIÁS, 2016).
Quanto ao licenciamento ambiental, em geral, as empresas assinalam que os fundamentais problemas
enfrentados são a demora na análise dos pedidos de licenciamento, a dificuldade em identificar e atender
problemas técnicos exigidos, o custo dos investimentos necessários para atender às exigências dos órgãos
ambientais, os custos de preparação de estudos e projetos para apresentar aos órgãos ambientais, a dificuldade
de identificar e contratar especialistas no assunto e a falta de lugares adequados para descarte de dejetos
(FEDERAÇÃO DAS INDÚSTRIAS DO ESTADO DE GOIÁS, 2016).
4.3. A Contribuição dos Distritos Agroindustriais de Rio Verde e do PAD-DF para com o
Desenvolvimento da Região, a Constituição dos Distritos e o Papel dos Incentivos
Governamentais na Implantação de Distritos Agroindustriais Resultado das Entrevistas
Realizadas
A fim de obter mais informações sobre a contribuição dos Distritos Agroindustriais de Rio Verde e do PAD-DF
para com o desenvolvimento da região, a constituição dos mesmos e o papel dos incentivos governamentais na
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implantação de Distritos Agroindustriais, dentre outras considerações, foram realizadas entrevistas com quatro
pessoas, conforme mensurado no Escopo Metodológico desta pesquisa.
Dia 25 de maio de 2022 entrevistou-se o diretor de Gestão de Parques, da Secretaria de Agricultura, e
responsável pela elaboração do Projeto do Polo do PAD-DF, na área rural do Distrito Federal.
Na ocasião, iniciou-se a entrevista perguntando mais elucidações sobre a constituição e as características do
PAD-DF, sendo que o entrevistado disponibilizou alguns documentos e enfatizou que uma das prioridades do
Distrito é absorver mão-de-obra da comunidade local intitulada “Café sem Troco”, a qual representa um
assentamento com aproximadamente 12.000 pessoas e que possui um percentual de 47% de sua população
economicamente ativa que trabalha longe do local onde reside. Assim, o Distrito poderia absorver boa parte
desta mão-de-obra que uma das suas prioridades é a geração de emprego e, consequentemente a melhora
das condições de vida das pessoas em seu entorno.
Ao se questionar sobre a observação à vocação produtora da região, o diretor afirmou que existem muitos
produtores ao entorno, tanto de grãos como de carnes, frutas, flores e hortaliças, ressaltando que uma das
prioridades é atrair empresas de máquinas e peças agrícolas, que os produtores têm de se deslocar para os
municípios vizinhos a fim de obterem peças e consertos.
Da mesma forma, o entrevistado afirmou que pedidos formalizados de empresas, no entanto, pela
necessidade de novo licenciamento ambiental em função da alteração de algumas metragens de lotes para
atender empresas que necessitem de maior área, sendo que esses pedidos ainda encontram-se aguardando tal
liberação.
Igualmente, o diretor assegurou que já foi autorizada a concessão para construção de nove poços artesianos no
PAD/DF e que já existem empresas pré-aprovadas, como uma fabricante de polpa de tomate, uma fabricante de
conservas e legumes desidratados, um de venda de peças e manutenção de máquinas agrícolas, uma de
produção de fertilizantes a partir do descarte do nicho da cama de frango para biodigestores anaeróbicos, e uma
de produção e redistribuição de energia solar.
Quanto às Cadeias Produtivas do Frango e de Suínos, o entrevistado disse que não interesse por parte das
empresas em função da restrição de água, já que teriam de investir em uma planta industrial pequena.
No dia 18 de Agosto de 2022 foi realizada entrevista com um dos docentes da Universidade Federal de Goiás e,
também membro pesquisador da EMBRAPA Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária, o qual relatou sua
visão sobre a indução pelo Estado da criação de Distritos Agroindustriais e da consequente captação de
empresas que venham a se instalar nos Distritos, enfatizando que as mesmas obtém inicialmente benefícios de
estarem dentro de um "cluster artificial", e que posteriormente se debandam, mas que as experiências são muito
heterogêneas. “Enquanto o DAIA Distrito Agroindustrial de Anápolis (GO), é bem pujante, muitos outros,
inclusive Rio Verde, não tiveram o mesmo dinamismo que muitas empresas entraram e acabaram saindo”,
afirma o entrevistado.
Segundo o docente, “quando um Distrito Agroindustrial certo", os benefícios para o desenvolvimento regional
são imensos. Eu diria que Rio Verde é uma situação intermediária. E há casos, onde os Distritos Industriais "não
decolam" e, portanto, não farão muito diferença para o desenvolvimento das regiões”.
Quanto aos desafios para a instalação bem-sucedida de Distritos Agroindustriais, ele afirma que são necessárias
algumas medidas como:
1) Identificação do melhor local e o escopo de empresas que se busca atrair: Se o local não for atrativo e/ou o
perfil desejado das empresas não tiver boa inserção na economia regional, as chances de sucesso são limitadas.
Então, escolher o melhor local e um perfil de empresas conectado com a economia regional são requisitos
importantes para se buscar o sucesso de um Distrito Agroindustrial.
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2) Promover incentivos para instalação: Muitas empresas apenas se instalam em locais que lhe são sugeridos ou
apontados quando incentivos fiscais consideráveis. Isso é uma oportunidade, mas pode também ser um
problema, porque os incentivos podem ser temporários e, ao final do período de concessão, pode haver uma
saída das empresas. Então, além de atrair as empresas, é preciso encontrar formas de motivar estas empresas a
querem ali permanecer.
Diante do exposto, fica evidente que os incentivos são muito relevantes mas a necessidade de se adequar
as empresas à vocação produtora da região e estudar formas de mantê-las nos Distritos, pois somente assim,
teremos uma contribuição real ao Desenvolvimento Regional.
Da data de 22 de Agosto de 2022 foi realizada entrevista com um secretário da Secretaria de Administração do
Governo do Estado de Goiás, o qual afirmou que os Distritos Agroindustriais de Rio Verde estão passando por
revitalização, tanto no sentido de infraestrutura quanto de reformulação de seus projetos, que inicialmente
não houve a preocupação com a elaboração de um projeto mais bem estruturado. Na ocasião, segundo o
secretário, foram idealizados os DARVs considerando mais precisamente os aspectos básicos relacionados aos
locais e aos incentivos governamentais acenados através do Programa de Desenvolvimento Econômico de Rio
Verde (PRODEN-RV), do Programa Estadual de Incentivos Fiscais PRODUZIR e do Programa de Incentivo à
Produção Animal e Formação do Cinturão Verde no Município - PROCINVERDE, não se atendo muito ao perfil e
constituição das empresas que viessem a se instalar ali. No entanto, o entrevistado assegura que esforços estão
sendo realizados a fim de corrigir essas lacunas e dar uma nova orientação aos Distritos.
Em 14 de setembro de 2022 foi realizada entrevista com um servidor da EMATER Empresa de Assistência
Técnica, Extensão Rural e Pesquisa Agropecuária, o qual apontou possibilidade de produção de frutas vermelhas
no PAD-DF, criando-se uma “Rota da Fruticultura”, além de formação de um Campo Experimental de pesquisas
na área do agronegócio, o qual justificaria a ocupação local. Quanto a produção de flores e o estabelecimento
de frigoríficos e abatedores, o maior fator limitante é a disponibilidade de água.
A coleta dos dados obtidos nas entrevistas, confirmou a concepção de que a instalação de Distritos
Agroindustriais pode fomentar o Desenvolvimento Regional, quando se ajusta à possibilidade de utilizar mão-
de-obra local e produtos oriundos da região, buscando pelo melhor local e segmento de atuação das empresas
que vierem a se instalarem nos Distritos, além de terem projetos bem observados e ordenados, conforme
demonstrado na Tabela 5.
Tabela 5
Contribuição dos Distritos Agroindustriais de Rio Verde e do PAD-DF para com o Desenvolvimento da Região, a
Constituição dos Distritos e o Papel dos Incentivos Governamentais na Implantação de Distritos Agroindustriais
DISTRITOS
Contribuição dos Distritos
Agroindustriais de Rio
Verde e do PAD-DF para
com o Desenvolvimento da
Região
Constituição dos
Distritos
Papel dos Incentivos
Governamentais na
Implantação de Distritos
Agroindustriai
Demais Considerações
PAD-DF
Melhora das condições de
vida das pessoas em seu
entorno através da geração
de emprego.
Necessidade de
novo licenciamento
ambiental
Primordial.
A Prioridade do Distrito
é absorver mão-de-
obra da comunidade
local.
Atrair empresas de
máquinas e peças
agrícolas.
Distritos Agroindustriais
de Rio Verde
Benefícios para o
desenvolvimento regional
são imensos.
Identificação do
melhor local e o
escopo de empresas
que se busca atrair.
Além de atrair as
empresas, é preciso
encontrar formas de
motivar estas empresas a
querem ali permanecer.
Rio Verde é uma
situação intermediária.
Fonte: Os autores.
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5. Análise comparada entre o projeto do polo agroindustrial do Distrito Federal e os
Distritos Agroindustrials de Rio Verde - GO
Ao verificar as constituições, características e trajetórias dos Distritos, observam-se aspectos convergentes e
divergentes:
1. Com base na compilação dos dados obtidos pode-se perceber algumas particularidades dos Distritos
avaliados: com relação à constituição e características dos Distritos Agroindustriais fica evidente que
o PAD-DF ainda está em fase de implantação, tendo um projeto muito bem estruturado, sendo que
os DARVs estão constituídos um bom tempo, podendo-se inclusive, apontar problemas
estruturais. Também, de modo geral, percebe-se que falta de impulso a novos empreendimentos a
se estabelecerem nos DARVs por evidente carência de divulgação de incentivos e burocracia, assim
como o baixo reconhecimento do propósito da produção sustentável aliada à inovação.
2. Tanto o PAD-DF quanto os DARVs consideram as especificidades de cada região, apontando os
artigos/produtos produzidos regionalmente, vislumbrando possibilidades de agregação de valor aos
mesmos, embora os DARV’s pareçam estarem contribuindo de maneira incipiente para o avanço e
maior desenvolvimento de atividades implementadas na região. os incentivos fiscais,
econômicos e creditícios são abordados na pesquisa, embora estejam mais bem especificados no
Projeto do PAD-DF.
3. O propósito da produção sustentável aliada à inovação é imprescindível para que qualquer modelo
de negócio se torne competitivo e perene no mercado, de tal maneira que o Projeto do PAD-DF,
assim como o estudo dos Distritos Agroindustriais de Rio Verde apresentam o desenvolvimento
tecnológico e a inovação incorporados à sustentabilidade como objetivos, no entanto membros do
poder público ligados aos DARV’s reconhecem certa deficiência nesta área.
4. O reconhecimento da existência de Arranjos Produtivos Locais estruturados, principalmente no
Estado de Goiás, e mais precisamente na região de Rio Verde, aponta para grandes oportunidades
para os DARVs, apesar de ainda terem de ser impulsionadas. Já, o Projeto do Polo Agroindustrial do
PAD-DF não apresenta muita ênfase nos APLs, indispensáveis na formulação de Projetos de
Desenvolvimento Regional baseados na força de produção das regiões.
Na comparação entre o Projeto do Polo Agroindustrial do Distrito Federal e os Distritos Agroindustriais de Rio
Verde GO, foram apresentadas diversas especificidades a fim de se entender as características de cada um,
sendo que ao conferir a realidade dos Distritos Agroindustriais de Rio Verde (GO), depara-se com alguns aspectos
negativos, o que pode ser explicado pelo fato dos distritos estarem em funcionamento e não terem sido
planejados com o mesmo esmero do que o do PAD-DF, além de o do PAD-DF ainda se apresentar como um
projeto passível de ser reavaliado diferentemente no momento em que já estiver consolidado.
5. Conclusões
A proposta deste estudo foi apresentar dados relativos ao Projeto do Polo Agroindustrial do Distrito Federal
(DF), ainda em consolidação, comparado a informações referente aos Parques Agroindustriais de Rio Verde (GO),
já estruturados, na intenção de divulgar conhecimento e provocar novas pesquisas.
Diante do exposto, atesta-se que, em maior ou menor grau, as estruturas consideradas na pesquisa, convergem
na busca pela integração das atividades econômicas e humanas que estão inseridas na sociedade e nas
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instituições, no momento em que prevalece a observação à vocação produtora de cada região, busca-se
incentivos governamentais, alinha-se programas de capacitação dos atores envolvidos, se propõe a produção
sustentável aliada à inovação e reconhece-se a existência de Arranjos Produtivos Locais estruturados.
Também, os dados do Distrito Federal são reflexo de um projeto ainda a ser consolidado, o que aumenta
consideravelmente as chances de não serem implementados em função de adversidades relacionadas a aspectos
gerenciais, estruturais, econômicos e comerciais. Já, as informações referentes aos DARV’s, revelam que o
processo de agroindustrialização de Rio Verde se intensificou a partir da instalação de uma unidade da BR Foods,
que contribuiu com o incremento na arrecadação do município, com a implantação de outras empresas nos
Distritos e a geração de empregos no município e região, além da organização e especialização de produtores
integrados às agroindústrias e de organizações de classes, associações e parcerias com instituições de ensino
locais.
A fim de consolidar todo esse processo, destaca-se a necessidade de atuação junto aos Arranjos Produtivos Locais
e os incentivos governamentais dados aos empreendimentos agroindustriais, que Segundo Borges (2006), têm
grande responsabilidade na viabilização de grandes investimentos agroindustriais que provocam mudanças no
crescimento e desenvolvimento de uma região.
“Os impactos que as agroindústrias, podem causar nas regiões que se instalam são inúmeros, tanto ambientais
quanto sociais, sendo que, esses impactos refletem diretamente na qualidade de vida das pessoas” (PEDROSO;
SILVA, 2005, p. 21), sendo necessário que a instalação de empresas em um determinado território esteja ligada
às estratégias produtivas da região, à articulação e envolvimento dos agentes locais e às políticas de incentivo
fiscais.
Quanto às políticas públicas, essas são de extrema importância para o desenvolvimento regional, sendo
necessária uma visão associada entre população, meio ambiente e desenvolvimento, a fim de estabelecer
sinergismos positivos. Pedroso e Silva (2005), reafirmam a urgência da execução de políticas públicas na região
do Cerrado, tanto no sentido de promover o desenvolvimento, quanto de aproveitar a riqueza dos ecossistemas
e recursos genéticos em questão.
Do mesmo modo, Perez (2017) reconhece o valor das políticas de desenvolvimento rural baseadas na
transformação das atividades produtivas com o objetivo de promover uma mudança estrutural na sociedade,
sendo que a intervenção do Estado através de políticas públicas é determinante para o desenvolvimento de uma
região, em especial por via da indução, ou seja, por meio de iniciativas com vistas a estimular determinados
setores ou regiões. Dentre os instrumentos de indução na política de desenvolvimento, destaca-se a concessão
de incentivos fiscais, o que tem sido categórico na constituição e estímulo aos Distritos Agroindustriais do PAD-
DF e de Rio Verde- GO.
No entanto, apesar da locação de novas empresas nos Distritos Agroindustriais de Rio Verde e da geração de
empregos na linha de produção das agroindústrias, os Distritos têm apresentado inúmeros problemas estruturais
que decorrentes, talvez da falta de planejamento, demandam ações de correção para que eles sigam na atração
por mais empreendimentos.
Assim, a contribuição deste estudo à gestão pública, se dá através da identificação dos aspectos determinantes,
positivos e negativos, na constituição dos Distritos Agroindustriais em questão, quando se compreende suas
estruturas e, mais precisamente os retornos que tais estruturas podem assegurar ao Desenvolvimento
Local/Regional.
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A partir do exposto, acredita-se que pesquisas futuras comparativas analisando o desenvolvimento de demais
Distritos Agroindustriais seriam úteis para a idealização de novos projetos. Também, espera-se ter colaborado
para que novas iniciativas de projetos de propulsão ao Desenvolvimento Rural Sustentável, como as relacionadas
aos Distritos que estão se multiplicando, considerem ações de fomento ao desenvolvimento sustentável das
áreas rurais com base na inovação e no avanço tecnológico, gerando renda e emprego e arrecadação para as
regiões contempladas, com vistas à agregação de valor dos produtos e ao aumento da competitividade das
empresas.
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